fonte: O São Gonçalo
A Fundação Jardim Zoológico de Niterói (ZooNit), no Fonseca, vive o mais dramático problema desde que foi criado, em 16 de abril de 1932. Uma equipe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) foi à unidade, na manhã de segunda-feira (18), para cumprir determinação da Justiça de transferência de animais excedentes. Além do excesso de bichos, o Ibama apontou outros problemas como medicamentos vencidos, presença de animais domésticos, condições sanitárias precárias e alojamentos inadequados. Entre os animais que terão que deixar a unidade está o chimpanzé Jimmy, uma das mais famosas atrações do local.
A direção do zoológico foi informada, desde semana passada, sobre o cumprimento da determinação judicial. Equipes responsáveis pela ação encontraram o zoológico fechado e solicitaram a intervenção da Polícia Federal, que precisou arrombar os portões. Nesta segunda-feira, foram transferidos 25 animais: tartarugas, jabutis, macacos, veados, iguanas e jacus. Eles foram levados para a Fundação Jardim Zoológico da Cidade do Rio de Janeiro (RioZoo). Alguns animais não puderam ser levados, pois estão em período de reprodução, como o cágado. A retirada das ararajubas e dos papagaios foi adiada por conta da chuva. A dos répteis, porque o tanque não foi esvaziado.
Em uma primeira operação, realizada no dia 4 de agosto, 35 animais foram retirados e encaminhados para um zoológico de Volta Redonda, sul fluminense do estado do Rio. Na ocasião, atobás, jiboias, fragatas, gaivotas gui-gui, iguanas e um casal de babuínos foram transferidos.
O Zoológico de Niterói tem uma verba mensal de R$33 mil (R$ 25 mil pagos pela prefeitura e R$ 8 mil arrecadados com ingressos). É com este valor que a fundação se mantém.
“A verba é baixa. Minha prioridade sempre foi cuidar dos animais, 70% das exigências já foram cumpridas. Mas, com certeza, se chegar algum animal ferido, eu vou cuidar e deixar a parte estrutural para depois. Isso pode esperar”, explicou Giselda Candiotto, presidente do ZooNit.
O veterinário responsável, Marco Janackovic, rebateu as acusações.
“Não há medicamentos vencidos. O problema com a presença de cães e gatos já foi solucionado”, afirmou o veterinário.
Polícia Federal arrombou portão
A equipe do Ibama foi proibida de entrar no ZooNit por um homem que se identificou como marido da presidente da Fundação ZooNit. Ele informou aos agentes que a unidade estava fechada temporariamente.
Ao negar a abertura dos portões, os policiais federais foram chamados e arrebentaram as correntes. O homem foi detido por obstrução da justiça e usurpação de função pública. Outro ponto a ser averiguado é sua situação no país. O homem é cidadão americano e tem visto como turista, mas teria um emprego fixo.
O advogado contratado pelo ZooNit, Sérgio Pereira, disse que a atitude é uma ação burocrática.
“A maioria dos animais que chega à instituição está debilitado e recebe cuidado. O ZooNit é de utilidade pública para a população de Niterói e região. Não havia necessidade de arrombar a porta do zoo. Eles não estão lidando com marginais”, disse o advogado.
Habitantes – O Zoológico de Niterói possui cinco leões, 28 pinguins, um chipanzé, 60 macacos-prego, 25 araras, 20 papagaios, um veado catingueiro – o primeiro a ser levado ontem – nove carcarás, 15 gaviões carijó, dois pavões, 18 jacarés, uma tartaruga mordedora, um cachorro do mato, quatro jiboias, um ouriço, 12 tucanos, um furão, 20 ararinhas, quatro fragatas, quatro ararajubas, quatro sairas, um faizão, duas iguanas, 50 jabutis, 10 mochos orelhudos, duas gaivotas, dois jatobás, duas anacãs e duas seriemas. O Ibama não informou quais serão transferidos.
Irregularidades recorrentes desde 2004
O impasse do Zoológico de Niterói com o Ibama é antigo. Desde 2004, o ZooNit, com o Ministério Público Federal e o Ibama assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Neste termo foram pontuados problemas a serem solucionados. Em setembro deste ano, uma inspeção foi realizada pelo Ibama e na vistoria técnica foram encontradas irregularidade recorrentes nos abrigos dos animais.
De acordo com o Ibama, o ZooNit vem funcionando de forma inadequada. Segundo o diretor de fiscalização do órgão, Márcio Urselino, o zoológico já havia sido informado da ação e estava ciente que agia de forma irregular.
“Cerca de cem animais serão transferidos para locais que possuam abrigos com estrutura adequada”, afirmou o diretor de fiscalização.
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