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sexta-feira, 11 de março de 2011

Capivaras sofrerão eutanásia em Campinas para combater febre maculosa

Maria Fernanda Ribeiro
Especial para o UOL Notícias
Em Campinas (SP)

Cerca de 20 capivaras confinadas no Lago do Café, em Campinas (95 km a noroeste de São Paulo), serão sacrificadas até o final de março para combater a febre maculosa no local. Em dois anos, três pessoas que trabalhavam no parque de 300 mil m² morreram vítimas da doença.

As capivaras serão mortas por eutanásia, de acordo com resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária, evitando dor e maus-tratos. O procedimento é o mesmo aplicado em cães. Elas serão sedadas e em seguida receberão a injeção letal. O processo acontecerá dentro do parque. Depois elas serão levadas para o aterro.

O Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) autorizou o abate após solicitação da Secretaria Municipal da Saúde. Ambientalistas protestaram e entraram com uma ação na Justiça para barrar a morte dos animais. Capivaras são hospedeiras do carrapato-estrela, transmissor da doença.

O parque está fechado para visitação pública desde 2008, mas ainda há funcionários que circulam pelo local. Por isso, o confinamento dos animais. O secretário da Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva, afirmou que não existe neste caso nenhum método de eficiência comprovada e que não traga risco ao meio ambiente para combater os carrapatos, com exceção ao abate. “Não estamos discutindo capivara, mas sim uma questão de saúde pública.”

Flávio Lamas, presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Animais, argumenta que a Prefeitura não realizou exames individuais nas capivaras e, portanto, animais não-infectados podem ser mortos sem motivo. No entanto, de acordo com informações da Saúde, não há nenhuma chance de os animais serem examinados um a um.

Segundo a Saúde, para acabar de vez com o ciclo de transmissão da doença é necessário eliminar quem compõe o ciclo, que são as capivaras e os carrapatos. O carrapato contaminado, quando parasita a capivara, transmite a doença, e se a capivara está contaminada e um carrapato sadio a parasita, ela também transmite a doença.

Para o professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Bahia Labruna, o abate neste caso é a única solução. Segundo ele, o uso de carrapaticida é inviável porque teria de acontecer de forma permanente e com risco de contaminação do meio ambiente. “A solução concreta é o abate para eliminar a doença.”

Antecedentes

Em 2004, as capivaras também foram o principal assunto em Piracicaba (162 km a noroeste de SP), quando o filho de um professor do câmpus da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) morreu de febre maculosa. Os animais chegavam até o local pelas margens do rio Piracicaba e do córrego Piracicamirim.

Lá o Ibama não autorizou o abate por se tratar de um ambiente aberto, diferente do Lago do Café, que é fechado. Mesmo que as capivaras fossem mortas, elas voltariam para o local. A solução encontrada pela universidade foi cercar todo o câmpus, num investimento de quase R$ 1 milhão, para ao menos tentar barrar a entrada dos animais.

Apesar de a Prefeitura afirmar que há no parque 20 capivaras, apenas 13 foram encontradas e esse é agora o novo imbróglio a cerca dos animais do Lago do Café: definir quantos realmente estão confinados.

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